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Foto do escritorRafael Urquhart

Como as histórias mais violentas e doloridas podem ser ressignificadas? Onde entra a não violência?

Sempre tenho a oportunidade de contar duas histórias, a triste e a feliz, a que dói e a que alivia. E elas estão sempre juntas, só sabemos o que dói por que sabemos a sensação do alivio e não dor. Só conhecemos a tristeza por que experimentamos a felicidade.

Gratidão Felipe Goettems por me mostrar que o contrário do medo é o tédio e entre eles permeia a coragem. Gratidão Dani Cassol, por me relembrar que leveza e pesadelo andão juntos, que alegria e tristeza andam de mão dadas, e conversar sobre um necessita olhar pro outro. O escuro só existe pela percepção de claridade.

Chris Ganzo, minha guru e sabedoria em voz feminina, me fez perceber que as perspectivas são infinitas num caleidoscópio onde me adapto e sou único, mas reagindo ao que emerge do ambiente. E sempre escolhendo que história quero contar, a de vitima triste, ou a de aprendiz e sábio.

Conto duas histórias e deixo você escolher qual delas.

“Perdi a confiança, fui roubado, agredido não fisicamente, mas moralmente por envolver perdas sentimentais, feriram meus sentimentos, brincaram com coisas que pra mim são sérias, tive prejuízos financeiros de monta elevada, e junto com eles e bem mais severos foram as agressões emocionais as minhas expectativas e entrega inicial de amor ao outro que não foi respeitada, SOU UMA VITIMA DE UMA SOCIEDADE QUE ACHA QUE SABE DEMAIS E NÃO DESAPRENDE”

…agora a mesma história na perspectiva que decidi contar.

“Escolhi continuar confiando mesmo doído, mesmo violentado, praticar a não violência como resposta (ou tapa na cara como dizem) me permite viver na frequência do amor, me respeitando, fazendo com o outro o que gostaria de receber sempre, mesmo que não valorizado, aprendi muito, aprendi sobre perdão, sobre paciência, sobre perseverança, sobre bons exemplos e principalmente aprendi, que quando reajo com a amor e não violência, de alguma forma dou a oportunidade para o outro refletir, e perceber outras perspectivas que antes não existiam, e confio que na vibração do amor, o outro ao seu tempo vai refletir, escolher e talvez, só talvez por que não posso garantir, ajudar outros indiretamente na construção de um mundo melhor.”


As duas histórias acima são perspectivas de dois acontecimentos violentos, de seres humanos em situações distintas da classe AA e da classe EE, e pode ser contadas da mesma forma e contextualizo.

Em uma um dono de uma empresa, um multimilionário com seus barcos, aviões, coberturas, festas e abundância do que quiser, me destratou absurdamente depois de 18 meses de serviço, no calor de algo que eu não sei. Alguém segurou da minha mão e eu pude escolher reagir, ou entender que ele podia estar sob pressão e incapaz de olhar por outras janelas, e escolhi PRATICAR A NÃO VIOLÊNCIA, estiquei mais uma vez a confiança, foquei na minha intenção, e suspendi os julgamentos, continuem apoiando e criando oportunidades pra ele. Hoje ele me mandou uma mensagem de desculpas, e está tudo bem.

Os outros, são ex ou atuais moradores de rua, não sei a condição atual, que tiveram um mar de oportunidades, e roubaram o que me é mais sagrado a confiança, além de alguns objetos, feriram a importância de tempo que dei a eles mais que a minha família, e sumiram, sem me dizer nada, numa forma de violência através do silêncio. Tive a oportunidade de encontrar um deles, um mensageiro, de perdoar e PRATICAR A NÃO VIOLÊNCIA mais uma vez. E convidei que daqui pra frente ele reaja a violência, com não violência, e sempre que a oportunidade de ajudar outro surgir, ele a abrace.

Duas experiências, quatro possibilidades de histórias, e a possibilidade de praticar a não violência, é a escolha que fiz para ME FAZER FELIZ, É BOM PRA MIM, É COERENTE COM O QUE ACREDITO e assim durmo tranquilo de que fiz além da minha parte, extendendo a confiança ao outro, e deixando as coisas melhores do que encontrei, agindo como eu gostaria que tivessem agido comigo.

Como pratica a arte de saber dizer não?

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